25ª Sessão Especial da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia – Dia da África

Quero saudar o nosso presidente da sessão, esse brilhante parlamentar, o deputado Bira Corôa.

Hoje eu estou um pouco emocionada, vocês todos sabem disso. Na pessoa do deputado Bira Corôa quero saudar, também, às demais autoridades da Mesa; em nome das mulheres, à nossa ex-ministra Matilde, pela qual temos grande consideração; saudar todas as religiões de matrizes africanas; à nossa juventude, homens e mulheres que neste dia recordam e celebram, mas marcam a sua posição de continuar na luta. Cada um de nós sabe contar a história dos nossos dias, mas também aquelas que nós fazemos no dia a dia através dos estudos, em livros e museus, por onde andamos, de acordo com os nossos interesses e com o nosso sonho de ter um Brasil mais justo, mais igual e com mais oportunidades. Por isso, quero parabenizar o nosso deputado Bira Corôa e revelar para as autoridades que estão aqui
que, embora sendo uma simples mulher trabalhadora e lutadora do sertão, ao chegar aqui, a esta Casa, e participar da Comissão da Promoção da Igualdade, da qual fui presidente, busquei com o deputado e os seus assessores um aprofundamento sobre o racismo, a diferença e a discriminação.

Só depois disso, mesmo sendo descendente do negro Guilherme, meu pai, é que pude compreender mais profundamente a dimensão do que significou em nossa história a separação, humilhação e a escravidão. Hoje eu tenho uma força maior para tratar desses assuntos justamente no interior, porque por lá a história do coronelismo e do mandonismo, seja nas fazendas ou engenhos, em lugares onde a mão de obra foi escrava e muito humilhada, a história foi contada sempre pelo outro lado, como se só o branco, o mandante fosse o valoroso.

Isso aconteceu não com outras pessoas, mas comigo mesma. Eu não tinha dimensão de tudo isso. Isso é para dizer como é importante a nossa juventude e as nossas escolas, neste momento atual, aprofundarem mais o estudo, conhecerem,
debaterem, como disse o nosso representante da Casa de Angola. Minha mãe é uma retirante de Paripiranga, meu pai, um retirante do São Francisco. Ambos se encontraram em São Paulo, casaram-se e voltaram para morar em Paripiranga.
Meu avô, que era um fazendeiro, ao olhar para minha mãe, filha querida, ele disse assim: “Eu pensei que você iria trazer um marido, você trouxe um negro”, como se negro fosse aquela coisa…

Olha, eu só tenho 63 anos, portanto, a escravidão, a lei, a mudança já parecia ter acontecido, mas, na verdade, nas almas, nos corações, nos sentimentos nada havia mudado. E essa mudança, essa alteração de atitude, de comportamento, esse jeito de olhar para a sociedade de cor negra, de matriz africana, de outro país, precisa ser
alterado, e muito. Porque, agora, exatamente nesse momento do golpe, a gente pode ver a mesma atitude do meu avô naquele tempo: saca a caneta e aqui não fica negro nenhum. Estupidez! Governo que não reconhecemos. E a gente disse várias vezes durante esse processo que não vai ter golpe, vai ter luta. E agora, realmente, a gente está dizendo que agora, sim, agora, realmente, é luta!

Vamos em frente!

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