24ª Sessão Especial da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia – Sessão Especial Professor Calasans

A Srª PRESIDENTA (Fátima Nunes):- Invocando a proteção de Deus, declaro aberta a sessão especial em homenagem ao centenário de nascimento do professor José Calasans Brandão da Silva, proposta por esta deputada que ora vos fala.
Passo, já, a agradecer aos presentes e convidar para a composição da Mesa. Para compor a Mesa, convido o Sr. José Américo Silva Fontes, sobrinho do homenageado, que neste ato representa Madalena Calasans, filha do homenageado; a
professora Maria Hilda Boqueiro Paraíso, diretora da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, representando o reitor da Universidade Federal da Bahia, professor João Carlos Salles; a Srª Eliene Dourado Bina, diretora do Museu Eugênio Teixeira Leal; a Srª Rosany Bonsucesso, diretora da Escola Municipal José Calazans da Silva; o cineasta Carlos Pronzato; o professor Sérgio Guerra, membro do Conselho Estadual de Educação.

Quero dizer a todos e a todas da nossa alegria de tê-los presentes e que todos se sintam fazendo parte da Mesa. No decorrer da sessão registrarei todas as presenças. Neste momento, ouviremos a execução do Hino Nacional.

A Srª PRESIDENTA (Fátima Nunes):- Assistiremos, agora, a um vídeo da apresentação de um trecho do documentário “José Calasans, Tradutor do Sertão”. Esse vídeo foi preparado pelo cineasta Carlos Pronzato, que logo depois usará da palavra aqui, na Mesa.

A Srª PRESIDENTA (Fátima Nunes):- Registro as presenças das pessoas de Canudos como os vereadores Rômulo e Osmar – este último é sindicalista –, Marquinho, pescador; e o jovem advogado Dr. Anderson. Parabéns, é a nossa luta! Registro, também, a presença do vereador Mendonça do município de Heliópolis e dos demais vereadores presentes. A minha assessoria circulará por aí para pegar mais nomes, a fim de registrá-los.

Assistiremos, agora, à apresentação dos alunos da Escola Municipal José Calasans, acompanhados pela professora Juliana Castro. A apresentação da nossa juventude tem o título: Quem foi José Calasans. Parabéns!

A Srª PRESIDENTA (Fátima Nunes):- Parabéns a todo o alunado e a esta criançada que está bem jovenzinha hoje. Certamente, chegaremos ao tempo em que viveremos os mais de 100 anos do professor José Calasans. Quero registrar as presenças da prefeita Gracinha do município de Araçás; e a secretária de Educação. (Palmas) Parabéns e muito obrigada pela presença.

Registro a presença do nosso companheiro Pereira do Mel, criador de projetos de convivência no Semiárido; dos nossos jovens Pablo e Danilo, representantes da Sema. Eles trabalham no projeto do governo de convivência com o Semiárido. Muito obrigada pelas presenças. Temos a visita dos estudantes do Colégio Estadual Antônio Sérgio Carneiro do bairro Arenoso. Muito obrigada pelas presenças. Vocês vieram em um dia muito importante para a história.

Quero, neste momento, deixar o registro das presenças dos seguintes deputados que nos saudaram: Luiza Maia, Pastor Sargento Isidório e Bira Corôa. Informo que haverá a abertura de exposição no Museu Afro. E como o deputado Bira Corôa é presidente da Comissão Especial da Promoção da Igualdade, ele se deslocou para lá, a fim de participar e representar a Assembleia Legislativa. Hoje, aqui, temos outra atividade especial: os 30 anos dos defensores públicos.

A Srª PRESIDENTA (Fátima Nunes):- Deixarei a Mesa durante alguns minutos para fazer o uso da palavra em homenagem a este grande homem.

Mais uma vez, saúdo todos e todas. Agradeço, imensamente, a presença do Sr. José Américo Silva Fontes, sobrinho
do homenageado, que, neste ato, representa Madalena Calazans, filha do homenageado. Quanto a Srª Madalena Calazans, nós a vimos, há pouco, no vídeo apresentado. Gostaria de saudar: a diretora da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, a professora Maria Hilda Baqueiro Paraíso, representando, neste ato, o reitor da universidade, professor João Carlos Sales; a Srª. Diretora do Museu Eugênio Teixeira Leal, professora Eliene Bina; Srª. Diretora da Escola Municipal e agradecer pela preparação e organização dessa apresentação importante sobre a nossa cultura e a nossa história, Rosane Bonsucesso; cineasta Carlos Pronsato; senhor membro do Conselho Estadual de Educação, professor Sérgio Guerra. Saudando a todos e agradecendo, gostaria muito de dizer da razão e da motivação desta nossa sessão
especial em homenagem ao professor José Calasans.

Vivemos no Brasil, neste ano de 2016, um momento conflituoso, de sérios desafios para os jovens, para os mais vividos, para as mulheres, para os negros, para os índios, para os sertanejos, para os que vivem no litoral, mas marcados também por essa história de exploração da vida do País. Sabemos que não dá para homenagear um professor sem relembrar esse nosso passado, sem relembrar essa nossa história do Brasil. Em 1500 já existia aqui uma população, e essa população foi, de uma hora para outra, tomada de surpresa por muitos que chegaram. Seria até bom se tivessem chegado para ajudar, para desenvolver, e sabemos pelos contos, pelos fatos, pelas lembranças, que não foi bem assim. Só de escravidão tivemos quase 400 anos.

Portanto, é uma história marcada por muitos tormentos, desafios, mas também marcada pela superação, pela coragem, pela determinação de homens e mulheres que sempre pensaram que podíamos ter um Brasil decente, justo, independente e de oportunidade para todos. Assim classificamos o nosso professor José Calasans, pelo conhecimento da
sua história, pelas vezes em que encontramos aqui amigos e amigas que viveram com ele, que relatam nos seus livros, como bem faz o cineasta Pronzato, como bem faz o Sérgio Guerra e muitos outros da sua época que contam e recontam a nossa história. E é muito bom que exista essa oportunidade de contar e recontar, porque cada um, ao seu olhar, ao seu gosto e aos seus interesses, começa a contar a história do nosso País de um jeito que, muitas vezes, favorece àqueles que mais exploram, àqueles que mais humilham, àqueles que mais tiram proveito deste País tão maravilhoso.

Quando encontramos alguém como o professor José Calasans, que revela para o mundo a história de Canudos, que revela para o mundo a coragem dos sertanejos, que faz questão de revirar a história de Antônio Conselheiro para dizer que, ali no sertão, numa terra tão árida de tanto sol, era possível construir uma outra sociedade, um outro jeito de viver, uma outra oportunidade para os homens e mulheres viverem com dignidade. Isso é o que nos emociona, isso foi o que escutei do comitê que organizou conosco esta sessão. Agradeço, de antemão, à minha assessoria, à Sílvia que correu, correu para tudo dar certinho, e revelar também para vocês o sentimento do professor Paulo Neiva, que foi um dos grandes incentivadores, junto com esse conjunto de pessoas com as quais ele se reúne na Uneb. Hoje, na estrada, o carro quebrou e ele não conseguiu chegar, mas enviou um e-mail e falou da sua tristeza por não estar aqui nesse momento, mas eu respondi que todos nós estaríamos lembrando e vivendo a presença e o desejo dele.

Gostaria, apenas, falar mais algumas coisas, lembrando aqui algumas palavras que a gente foi buscando para reforçar e enriquecer a nossa homenagem. Agradeço também a Patrícia, nossa assessora de comunicação, que conosco foi fazendo esse trabalho. No centenário do professor José Calasans – na verdade foi o ano passado, e a gente até tentou fazer um seminário, uma sessão especial, mas foi melhor ficar para este ano, tiramos dos textos algumas palavras, e eu quero lembrar delas agora.

“’Não sei se fiz muito na vida mas, sobretudo, meu empenho foi ser tradutor do universo sertanejo”, esta frase é do professor José Calasans Brandão da Silva, um dos maiores historiadores da guerra de Canudos, e consequentemente da
vida e obra de Antônio Conselheiro. Um amante do sertão que guiou a sua vida em torno de pesquisa e dedicou todo o seu tempo, conhecimento e intelecto para entender o povo sertanejo, a guerra de Canudos, Antônio Conselheiro e a sua gente, para entender a vida simples de homens e mulheres do sertão.

Para mim, sertaneja que sou, é um imenso orgulho e honra receber vocês aqui, para juntos prestarmos essa homenagem ao professor Calasans, que foi um intelectual, um homem urbano, mas com os pés fincados no mundo rural. Apaixonado
pelos estudos do folclore, crenças e tradições de um povo. O povo do sertão, tem tanto orgulho de Calasans, que nem sei expressar em palavras. Mas, penso que esse grandioso orgulho não é restrito ao sertanejo, quem na Bahia não tem orgulho desse sergipano de raiz e baiano de coração?

Nenhum historiador brasileiro pesquisou e estudou a guerra de Canudos e a vida de Antônio Conselheiro, de uma forma tão profunda, constante e pioneira, quanto José Calasans. Ele percorreu o Brasil inteiro garimpando em bibliotecas e arquivos, seguindo, como poucos, os passos do peregrino Antônio Conselheiro, do Ceará à Bahia. Estudou o desenrolar do conflito em si, revelando, aqui e ali, uma documentação preciosa que reformularia a historiografia ‘canudense’, presa durante muito tempo ao livro de ouro de Euclides da Cunha, Os Sertões.

Diante de tudo isso, a gente poderia achar que Calasans iria guardar essas preciosidades para ele, não é? Mas ele era um homem humilde, que não negava a ninguém o seu tempo e o seu saber. Se alguém quisesse estudar, conhecer e trabalhar o tema ele não economizava energia e esforços para ajudar, para dividir o seu conhecimento. Emprestava textos raros, muitas vezes, até dava eles de presente, e, é claro, falava sobre horas a fio sobre os seus assuntos prediletos. Por tudo isso, em 1999, esta Casa concedeu ao professor o Título de Cidadão Baiano, por meio de um projeto do deputado José Nunes. Hoje, mais uma vez, através desta sessão, o povo da Bahia retribui e agradece toda dedicação do professor Calasans a esta terra, à Bahia.

Muito obrigada a todos e a todas que estão aqui neste momento. É muito bom que essa nossa escola, que as demais escolas, que os jovens das nossas universidades estudem, conheçam as obras, passem essa coragem, essa força de
determinação do nosso professor, porque é o precisamos para formar uma sociedade com sentimento de humanidade, de respeito à cidadania, à democracia e à paz que precisamos no nosso País. Muito obrigada

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